sábado, 21 de março de 2015

Educação/Inclusão

Ensinar para o amor: a melhor de todas as Educações.

Dia da Síndrome de Down revela evolução da inclusão no Brasil

No dia 21 de março, o mundo comemorou o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data remete à luta para a inclusão das pessoas com a deficiência nas escolas, no mercado de trabalho e nas relações sociais. Em consequência desse movimento, dados do Censo Escolar revelam que houve um crescimento expressivo nas matrículas de pessoas com deficiência na educação básica regular, ou seja, em turmas em que também estudam crianças sem deficiência. No ano de 2014, eram 698.768 alunos especiais matriculados em classes comuns.
  
Em 1998, cerca de 200 mil pessoas estavam matriculadas na educação básica, sendo apenas 13% em classes comuns. Em 2014, eram quase 900 mil matriculas e 79% delas em turmas comuns. “Se considerarmos somente as escolas públicas, o percentual de inclusão sobe para 93% em classes comuns”, explicou a diretora de Políticas de Educação Especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Martinha Clarete dos Santos.

Dados do Ministério da Educação revelam que também houve um aumento de 198% no número de professores com formação em educação especial. Em 2003, eram 3.691 docentes com esse tipo de especialização. Em 2014, esse número chegou a 97.459.

Mas o que é a Síndrome de Down?

A síndrome de Down (SD) é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida comotrissomia 21.

A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Esta alteração genética afeta o desenvolvimento do individuo, determinando algumas características físicas e cognitivas. A maioria das pessoas com SD apresenta a denominada trissomia 21 simples, isto significa que um cromossomo extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais. Este fenômeno é conhecido como disfunção cromossômica. Existem outras formas de SD como, por exemplo: mosaico, quando a trissomia está presente somente em algumas células, e por translocação, quando o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo.

O diagnóstico da SD se realiza mediante o estudo cromossômico (cariótipo), através do qual se detecta a presença de um cromossomo 21 a mais. Este tipo de análise foi utilizado pela primeira vez em 1958 por Jerome Lejeune.

Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a SD, mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna, e isto é mais frequente a partir dos 35 anos, quando os riscos de se gestar um bebê com SD aumenta de forma progressiva. Paradoxalmente, o nascimento de crianças com SD é mais frequente entre mulheres com menos de 35 anos, isto se deve ao fato de que mulheres mais jovens geram mais filhos e também pela influência do diagnóstico pré-natal, que é oferecido sistematicamente às mulheres com mais de 35 anos.

Como a SD é uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré-natal utilizando diversos exames clínicos como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do liquido amniótico entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta). Ambos os exames diagnosticam a SD e outras cromossopatias.
Recentemente a prática médica tem incorporado métodos para a determinação do risco de ter um filho com SD, como por exemplo, o exame bioquímico, que se realiza mediante a avaliação dos níveis de substâncias químicas no sangue materno alteradas no caso da SD. Este exame se realiza entre a semana 14 e 17. A ultrassonografia também pode colaborar para detectar a SD, através dos marcadores ecográficos, principalmente da prega nucal, que pode ser medida a partir da décima semana de gestação. Estas últimas intervenções não são consideradas diagnósticas, para isso é necessário realizar os exames mencionados em primeiro lugar.

Embora as alterações cromossômicas da SD sejam comuns a todas as pessoas, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual. Não existem graus de SD; a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem SD.

Cerca de 50% das crianças com SD apresentam problemas cardíacos, algumas vezes graves, necessitando de cirurgia nos primeiros anos de vida.
A intervenção médica pode acontecer com a finalidade principal de prevenção dos problemas de saúde que podem aparecer com maior frequência na SD. Queremos destacar que a SD não é uma doença e sim uma alteração genética, que pode gerar problemas médicos associados.
Devemos olhar a pessoas com SD em sua singularidade, para que possa ter um pleno desenvolvimento enquanto sujeito.

Leia mais:
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica Diversidade e Inclusão
Documento lembra que pessoas com deficiência têm direito à educação

Portal do MEC - Educação Especial
Fundação Sídrome de Down

  

sexta-feira, 6 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher - 8 de março

Foto:educacao.mg.gov.br




 Dia Internacional da Mulher

À Mulher Mineira, com carinho pelo seu dia!


As mineiras têm mistérios. Muitos. Imensos. Profundos. Do tamanho do mundo? Aprisionados por montanhas, veredas e sertões vastos? Mulher, menina, moça ou madura, elas –e seus mistérios –desfilam lindamente, para nosso bem ou nosso mal, pelas ruas e praças da Savassi, suam caminhadas pelas alamedas da Pampulha, sobem Bahia, descem Floresta. Posam de feirantes do Mercado Central, sambam nos pagodes do Conglomerado da Serra, trocam moedas nos ônibus, forjam aço nas siderúrgicas, expõem olhares de namoradeiras pelas bandas de Tiradentes e Interior afora.


 Princesas, operárias. Manequins ou intelectuais, ostentam, altivas, sua elegância discreta, sempre na moda mais recente, identificada até mesmo pelas aeromoças que cruzam os céus do Brasil. Olham-nos pelas frestas os seus mistérios. Podem eles ser revelados? Quem sabe, responde a garota da Praça da Liberdade que fotografa o ipê-roxo arrebatado de flores e encantamentos...


 São mistérios, feitiços. “Coisa-feita” como os de Diadorim, lascivos como os de Xica da Silva, românticos e doridos como os de Barbara Bela. E delicados como a voz da Fernanda Takai, fortes e decididos como a matriarca Joaquina da Pompéu, devassos como Dona Beja. Riscam no ar coreografias sensuais como a bailarina do Grupo Corpo, escrevem poemas torturados de dúvidas, paixão e prazer como os de Adélia Prado, manifestam-se nas crônicas sensíveis da Cris Guerra, encarnam-se na sensualidade interiorana da Isis Valverde.

O corpo que abriga a mineira tem a pele morena, branquinha, mulata, negra, outros tons. Os cabelos são sararás, castanhos, louros, pixains. Os olhos? Verdes, negros, castanhos, azuis, cor de mel. Misture tudo isso em temperos de recato, perversão, malícia, inocência. Profano, sagrado. Céu, inferno, purgatório. Amor ou ódio, pasmaceira nunca. Porque a mineira sabe ser fiel e adúltera ao mesmo tempo. Ou não. A mineira tem um jeito. Diante dela, ensina o filósofo, a gente entende a nossa vocação para o latente, para o obscuro, para o mistério.


Ops, voltamos ao começo. Aos mistérios. Como as matrioshkas, as bonecas russas, elas são mistérios que saem uns de dentro dos outros. Eternos recomeços. Tem nada não. Com seus feitiços e mistérios, as mineiras foram feitas para ser amadas sobre todas as coisas.


Fonte: Trechos da crônica publicada no Jornal Hoje em Dia, de 16 de agosto de de 2014.