Fabiano Alves Pereira*
A realidade educacional nos tempos atuais é bem
diferente de algumas décadas atrás. Relacionado aos recursos didáticos
utilizados, percebe-se que temos hoje inovações tecnológicas cada vez mais
avançadas que podem ser bem utilizadas como ferramentas pedagógicas úteis no
âmbito escolar.
As metodologias estão também sendo inovadas a cada
dia. O sistema de avaliar mudou, antes prova oral e escrita, hoje, “Avaliação
diagnóstica e contínua, participativa, escrita”.
Nota-se que embora alguns professores pareçam se dar
muito bem na profissão, muitos concentram-se nos seus muitos desafios — classes
numerosas, lidar com muita papelada, burocracia rígida, alunos apáticos e salário
inadequados tornam o trabalho nada fácil. Lecionar é muitas vezes um ato de
abnegação. Outros problemas como drogas, crime, promiscuidade e, às vezes,
indiferença parental afeta bastante o ambiente, a disciplina na escola e a
motivação dos educadores. Em alguns
lugares, a rebeldia é comum.
A educadora e escritora americana LouAnne Johnson
escreveu:
A prevenção do uso de drogas faz parte do currículo de quase todas as escolas, começando no jardim-de-infância.
As crianças sabem muito mais sobre drogas . . . do que a maioria dos adultos.
Os alunos que se sentem desamparados, indesejados, solitários, entediados ou
inseguros são os mais fortes candidatos a provar drogas.[1]
Alguns se perguntam: “Como o professor vai lidar com
uma criança de nove anos que aprendeu a usar drogas com os pais e agora está
viciada? Sabemos muito bem que existe a venda e o consumo de drogas na escola,
mas isso raramente é descoberto, isso, associado à Indisciplina se manifesta
numa mania de destruição generalizada. Mesas e as paredes sujas, móveis danificados,
alguns alunos têm passagem na polícia por furto em lojas, estes são apenas alguns
dos problemas. A violência e o uso de drogas na família afetam diretamente as
crianças. Elas vivem num ambiente onde aprendem palavrões e outros vícios.” Estas
foram palavras que ouvi diretamente de um professor ativo, mas que pediu para
não ser identificado.
É necessário providências, senão, infelizmente dentro
em breve, até mesmo em localidades menores como Taiobeiras e outras cidades do
Alto Rio Pardo, vivenciaremos a realidade existente em grandes centros, como
por exemplo , nos Estados Unidos, onde a violência relacionada com armas de fogo
é um problema preocupante. Calcula-se que todo dia 135.000 armas sejam levadas
às 87.125 escolas públicas do país. Para reduzir o número de armas nas escolas,
as autoridades estão usando detectores de metal, câmeras de vídeo e cães com
treinamento especial para farejar armas. Instituíram-se também a inspeção de
armários de estudantes, o uso de cartões de identificação e a proibição de
levar mochilas para a escola. Mais de 6.000 alunos foram expulsos por terem
levado armas à escola![2]
É em meio a um ambiente anárquico que muitos
professores conscienciosos se esforçam para educar e transmitir valores. Não é
de admirar que muitos sofram de depressão e estafa. Quase um terço de um total de um
milhão de professores na Alemanha adoecem em decorrência do estresse. Eles
ficam estafados e como consequência abandonam a sala de aula.
Segundo um professor taiobeirense “muitos adolescentes
só falam de sexo e festinhas. É uma obsessão. Principalmente agora, com a
Internet nos computadores das escolas, os alunos têm acesso às redes sociais e
à pornografia”. Um educador comentou:
“Foi montado um núcleo de informática em nossa escola. Segundo a diretora, este
tem o objetivo de ser usado pelos alunos para fazer pesquisas. No entanto não é
isso que vejo, 99% dos alunos que frequentam o núcleo, só vão lá mesmo para
mexerem no facebook.”
Outra queixa de alguns professores é que muitos pais
se esquivam da responsabilidade de educar seus filhos em casa. Para os professores,
os pais devem ser os primeiros educadores das crianças. As boas maneiras devem
começar em casa. Os professores precisam
ser tratados como os demais profissionais, não ser relegados ao papel de babás.
Os pais muitas vezes não cooperam com a disciplina dada na escola. “Se você
manda uma criança mal comportada à diretoria, corre o risco de ser agredido
pelos pais!”, reclamam muitos professores.
Uma professora que atua há décadas em São João do
Paraíso, MG, expressou o que pensa nas seguintes palavras: “O trabalho do
professor não é reconhecido, se for avaliar pela renda. A remuneração sempre
foi abaixo do piso salarial. Por causa dos salários baixos, somos obrigados a
trabalhar em dois ou três estabelecimentos, correndo de um lugar para outro.
Isso sem dúvida prejudica a qualidade de nosso trabalho”.
Assim sendo, o que leva muitos profissionais qualificados
a escolher essa profissão? Alguns decidiram seguir essa carreira inspirados no
exemplo dos pais. Outros se sentiram atraídos ao magistério por amor às
crianças e jovens, ou por se sentir recompensados de vê-los desabrochar e se
desenvolver, tornando-se mais capazes, mais competentes e mais atuantes no
mundo. Entendem que o professor que dá de si mesmo sem medir esforços acaba
beneficiando outros, e em conformidade com as palavras bíblicas de Atos 20:35,
são consolados por acreditar que “Há mais alegria em dar do que há em receber”.
Quando
enfrentamos desafios no nosso trabalho, seja como professor ou em qualquer
outra profissão, desistir talvez pareça ser o caminho mais fácil. Assim, que a
mensagem proferida pelo profeta Isaias possa encorajá-lo a buscar a dar o seu
melhor cada vez mais: “A ti escolhi e nunca te rejeitei. Não temas, porque eu
sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te
ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça... Porque eu, o Senhor teu
Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo”. (Isaías
41:10, 13)
O trabalho do
professor pode ser comparado ao casamento. Quando alguém está noivo, talvez
sonhe com as maravilhas e alegrias que terá com a vida de casado. Depois do
casamento a pessoa pode se dar conta de que a vida não era exatamente como
imaginava. Problemas e dificuldades
virão. Ao surgir as intempéries, deveria a pessoa concluir logo que o caminho é
uma separação ou divórcio? Claro que não. Ninguém que constrói uma casa nova e
nela vai morar, conclui que deva se mudar dela só porque percebeu que existem
algumas goteiras. É preciso paciência e perspicácia para que as coisas possam
ser resolvidas baseadas no amor e na sensatez. Muitas poderão ser as provações. Temos de lembrar
que sempre depois de uma tempestade o sol volta a brilhar novamente. Assim,
saiba que seu papel como professor é de fundamental importância, pois é imprescindível
educar a criança de hoje para que se torne o homem de bem de amanhã. Portanto, “Não desistamos de fazer aquilo que é excelente, pois ceifaremos na época
devida, se não desfalecermos.” (Gálatas 6:9)
Como comunicar-se com os pais de alunos
· Conheça os pais. Isso não é desperdício de tempo. Trata-se de um
investimento de tempo que beneficiará a ambas as partes. É sua oportunidade de
estabelecer boas relações com aqueles que poderão vir a ser seus melhores
colaboradores.
· Fale no mesmo nível dos pais — não tenha um ar de superioridade. Evite usar a linguagem do professorado.
· Ao falar sobre os jovens, saliente os pontos positivos. Elogios funcionam mais do que críticas. Explique o que os pais podem fazer para ajudar o filho a se sair bem nos estudos
· Permita que os pais se expressem e ouça com atenção o que eles têm a dizer
· Procure compreender o ambiente doméstico da criança. Se possível, visite a casa.
· Combine um dia para a próxima conversa. O acompanhamento é importante. Mostra que seu interesse é genuíno.
· Fale no mesmo nível dos pais — não tenha um ar de superioridade. Evite usar a linguagem do professorado.
· Ao falar sobre os jovens, saliente os pontos positivos. Elogios funcionam mais do que críticas. Explique o que os pais podem fazer para ajudar o filho a se sair bem nos estudos
· Permita que os pais se expressem e ouça com atenção o que eles têm a dizer
· Procure compreender o ambiente doméstico da criança. Se possível, visite a casa.
· Combine um dia para a próxima conversa. O acompanhamento é importante. Mostra que seu interesse é genuíno.
Fonte: GOULART, Carlos Amadeu. A
Educação, desafios e oportunidades. São Paulo: Ática, 2001.
FONTES:
Entrevistas com professores de Taiobeiras e de São do
Paraíso, MG
Bíblia Sagrada
Bíblia Sagrada
BIBLIOGRAFIA
BURTON, Enya Criss. Teacher Today. New York: History
Present, 1989.
GADOTTI, Moacir.
Crise de identidade, crise de sentido.
In Boniteza de um sonho: Ensinar e
aprender com sentido. São Paulo: Gruhas, 2003.
GOULART, Carlos
Amadeu. A Educação, desafios e oportunidades. São Paulo: Ática, 2001.
ROCHA, Anastásia
Amador. Profissionais do novo século.
Rio de Janeiro: Vida Viva, 1997.
*Professor de Artes, História e Iniciação Musical, regente do Coral Cantarte e Maestro da Orquestra Filarmônica Presidente Tancredo Neves.
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