segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Texto para novo livro do professor Fabiano - EDUCAÇÃO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES



 Fabiano Alves Pereira*

A realidade educacional nos tempos atuais é bem diferente de algumas décadas atrás. Relacionado aos recursos didáticos utilizados, percebe-se que temos hoje inovações tecnológicas cada vez mais avançadas que podem ser bem utilizadas como ferramentas pedagógicas úteis no âmbito escolar.

As metodologias estão também sendo inovadas a cada dia. O sistema de avaliar mudou, antes prova oral e escrita, hoje, “Avaliação diagnóstica e contínua, participativa, escrita”.

Nota-se que embora alguns professores pareçam se dar muito bem na profissão, muitos concentram-se nos seus muitos desafios — classes numerosas, lidar com muita papelada, burocracia rígida, alunos apáticos e salário inadequados tornam o trabalho nada fácil. Lecionar é muitas vezes um ato de abnegação. Outros problemas como drogas, crime, promiscuidade e, às vezes, indiferença parental afeta bastante o ambiente, a disciplina na escola e a motivação dos educadores.  Em alguns lugares, a rebeldia é comum.

A educadora e escritora americana LouAnne Johnson escreveu:

A prevenção do uso de drogas faz parte do currículo de quase todas as   escolas, começando no jardim-de-infância. As crianças sabem muito mais sobre drogas . . . do que a maioria dos adultos. Os alunos que se sentem desamparados, indesejados, solitários, entediados ou inseguros são os mais fortes candidatos a provar drogas.[1]

Alguns se perguntam: “Como o professor vai lidar com uma criança de nove anos que aprendeu a usar drogas com os pais e agora está viciada? Sabemos muito bem que existe a venda e o consumo de drogas na escola, mas isso raramente é descoberto, isso, associado à Indisciplina se manifesta numa mania de destruição generalizada. Mesas e as paredes sujas, móveis danificados, alguns alunos têm passagem na polícia por furto em lojas, estes são apenas alguns dos problemas. A violência e o uso de drogas na família afetam diretamente as crianças. Elas vivem num ambiente onde aprendem palavrões e outros vícios.” Estas foram palavras que ouvi diretamente de um professor ativo, mas que pediu para não ser identificado.

É necessário providências, senão, infelizmente dentro em breve, até mesmo em localidades menores como Taiobeiras e outras cidades do Alto Rio Pardo, vivenciaremos a realidade existente em grandes centros, como por exemplo , nos Estados Unidos, onde a violência relacionada com armas de fogo é um problema preocupante. Calcula-se que todo dia 135.000 armas sejam levadas às 87.125 escolas públicas do país. Para reduzir o número de armas nas escolas, as autoridades estão usando detectores de metal, câmeras de vídeo e cães com treinamento especial para farejar armas. Instituíram-se também a inspeção de armários de estudantes, o uso de cartões de identificação e a proibição de levar mochilas para a escola. Mais de 6.000 alunos foram expulsos por terem levado armas à escola![2]

É em meio a um ambiente anárquico que muitos professores conscienciosos se esforçam para educar e transmitir valores. Não é de admirar que muitos sofram de depressão e estafa. Quase um terço de um total de um milhão de professores na Alemanha adoecem em decorrência do estresse. Eles ficam estafados e como consequência abandonam a sala de aula.

Segundo um professor taiobeirense “muitos adolescentes só falam de sexo e festinhas. É uma obsessão. Principalmente agora, com a Internet nos computadores das escolas, os alunos têm acesso às redes sociais e à pornografia”.  Um educador comentou: “Foi montado um núcleo de informática em nossa escola. Segundo a diretora, este tem o objetivo de ser usado pelos alunos para fazer pesquisas. No entanto não é isso que vejo, 99% dos alunos que frequentam o núcleo, só vão lá mesmo para mexerem no facebook.”

Outra queixa de alguns professores é que muitos pais se esquivam da responsabilidade de educar seus filhos em casa. Para os professores, os pais devem ser os primeiros educadores das crianças. As boas maneiras devem começar em casa.  Os professores precisam ser tratados como os demais profissionais, não ser relegados ao papel de babás. Os pais muitas vezes não cooperam com a disciplina dada na escola. “Se você manda uma criança mal comportada à diretoria, corre o risco de ser agredido pelos pais!”, reclamam muitos professores.

Uma professora que atua há décadas em São João do Paraíso, MG, expressou o que pensa nas seguintes palavras: “O trabalho do professor não é reconhecido, se for avaliar pela renda. A remuneração sempre foi abaixo do piso salarial. Por causa dos salários baixos, somos obrigados a trabalhar em dois ou três estabelecimentos, correndo de um lugar para outro. Isso sem dúvida prejudica a qualidade de nosso trabalho”.

Assim sendo, o que leva muitos profissionais qualificados a escolher essa profissão? Alguns decidiram seguir essa carreira inspirados no exemplo dos pais. Outros se sentiram atraídos ao magistério por amor às crianças e jovens, ou por se sentir recompensados de vê-los desabrochar e se desenvolver, tornando-se mais capazes, mais competentes e mais atuantes no mundo. Entendem que o professor que dá de si mesmo sem medir esforços acaba beneficiando outros, e em conformidade com as palavras bíblicas de Atos 20:35, são consolados por acreditar que “Há mais alegria em dar do que há em receber.

Quando enfrentamos desafios no nosso trabalho, seja como professor ou em qualquer outra profissão, desistir talvez pareça ser o caminho mais fácil. Assim, que a mensagem proferida pelo profeta Isaias possa encorajá-lo a buscar a dar o seu melhor cada vez mais: “A ti escolhi e nunca te rejeitei. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça... Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo”. (Isaías 41:10, 13)

O trabalho do professor pode ser comparado ao casamento. Quando alguém está noivo, talvez sonhe com as maravilhas e alegrias que terá com a vida de casado. Depois do casamento a pessoa pode se dar conta de que a vida não era exatamente como imaginava.  Problemas e dificuldades virão. Ao surgir as intempéries, deveria a pessoa concluir logo que o caminho é uma separação ou divórcio? Claro que não. Ninguém que constrói uma casa nova e nela vai morar, conclui que deva se mudar dela só porque percebeu que existem algumas goteiras. É preciso paciência e perspicácia para que as coisas possam ser resolvidas baseadas no amor e na sensatez.  Muitas poderão ser as provações. Temos de lembrar que sempre depois de uma tempestade o sol volta a brilhar novamente. Assim, saiba que seu papel como professor é de fundamental importância, pois é imprescindível educar a criança de hoje para que se torne o homem de bem de amanhã. Portanto, Não desistamos de fazer aquilo que é excelente, pois ceifaremos na época devida, se não desfalecermos.” (Gálatas 6:9)


Como comunicar-se com os pais de alunos

· Conheça os pais. Isso não é desperdício de tempo. Trata-se de um investimento de tempo que beneficiará a ambas as partes. É sua oportunidade de estabelecer boas relações com aqueles que poderão vir a ser seus melhores colaboradores.
  
· Fale no mesmo nível dos pais — não tenha um ar de superioridade. Evite usar a linguagem do professorado. 

· Ao falar sobre os jovens, saliente os pontos positivos. Elogios funcionam mais do que críticas. Explique o que os pais podem fazer para ajudar o filho a se sair bem nos estudos

· Permita que os pais se expressem e ouça com atenção o que eles têm a dizer

· Procure compreender o ambiente doméstico da criança. Se possível, visite a casa. 

· Combine um dia para a próxima conversa. O acompanhamento é importante. Mostra que seu interesse é genuíno.

Fonte: GOULART, Carlos Amadeu.  A Educação, desafios e oportunidades. São Paulo: Ática, 2001.


FONTES:

Entrevistas com professores de Taiobeiras e de São do Paraíso, MG

Bíblia Sagrada

BIBLIOGRAFIA

BURTON, Enya Criss. Teacher Today. New York: History Present, 1989.

GADOTTI, Moacir. Crise de identidade, crise de sentido. In  Boniteza de um sonho: Ensinar e aprender com sentido. São Paulo: Gruhas,  2003.

GOULART, Carlos Amadeu.  A Educação, desafios e oportunidades. São Paulo: Ática, 2001.

ROCHA, Anastásia Amador. Profissionais do novo século. Rio de Janeiro: Vida Viva, 1997.

*Professor de Artes, História e Iniciação Musical, regente do Coral Cantarte e Maestro da Orquestra Filarmônica Presidente Tancredo Neves.


[1] BURTON, 1989. p. 86.
[2] BURTON, 1989. p .93

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