Artigos Professores

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


A escola inclusiva e os alunos com deficiência intelectual


 Cristiane Meireles de Oliveira*
A deficiência intelectual é um enorme desafio para a educação na escola regular e para a definição do conceito de apoio educativo especializado, pela própria complexidade que a envolve e pela grande quantidade e variedade de abordagens que podem ser utilizadas para a entende-la.        
De todas as experiências que surgem no caminho de quem trabalha com a inclusão, receber um aluno com deficiência intelectual parece a mais complexa. Mas por onde começar quando a deficiência é intelectual? Melhor do que se prender a relatórios médicos, os educadores das salas de recursos e  salas das regulares precisam entender que tais diagnósticos são uma pista para descobrir o que interessa: quais obstáculos o aluno enfrentará para aprender e como será sua interação. 
             
São três as principais dificuldades enfrentadas por eles: falta de concentração, entraves na comunicação e na interação e menor capacidade para entender a lógica de funcionamento das línguas, por não compreender a representação escrita ou necessitar de um sistema de aprendizado diferente. "Há crianças que reproduzem qualquer palavra escrita no quadro, mas não conseguem escrever sozinhas por não associar que aquelas letras representem. Alunos com dificuldade de concentração precisam de espaço organizado, rotina, atividades lógicas e regras. Como a sala de aula tem muitos elementos - colegas, professor, quadro-negro, livros e materiais -, focar o raciocínio fica ainda mais difícil. Por isso, é ideal que as aulas tenham um início prático e instrumentalizado. "Não adianta insistir em falar a mesma coisa várias vezes. Não se trata de reforço. Ele precisa desenvolver a habilidade de prestar atenção com estratégias diferenciadas. O ponto de partida deve ser algo que mantenha o aluno atento, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeça, jogo da memória e imitações de sons ou movimentos do professor ou dos colegas, quer dizer trabalhar de forma diferenciada com aulas práticas e atrativas. Também é importante adequar a proposta à idade e, principalmente, aos assuntos trabalhados em classe.
A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue executá-la, mas sempre com algum desafio. Depois, pode-se aumentar as regras, o número de participantes e a complexidade. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar.Foi o que fez a professora Cristiane Meireles de Oliveira, da E.E.P.T.N ,na cidade de Taiobeiras / MG para conseguir a atenção de Maria Eduarda, aluno com síndrome de Down do 5 ano. "Ela não ficava concentrada, assistindo à aula". Este ano,com momentos de vários contos infantis, os avanços começaram a aparecer. A professora  passa video, mostra os desenhos, conta  a história de maneiras diferentes,usando várias estratégias para melhor entendimento da mesma. No caso dela, o primeiro passo foram os desenhos.Depois, trabalhou a linguagem oral, onde a aluna Maria Eduarda reconta as histórias do seu jeito, mas deve-se lembrar que cada um tem o seu tempo e temos que respeitar.
A falta de compreensão da função da escrita como representação da linguagem é outra característica comum em quem tem deficiência intelectual. Essa imaturidade do sistema neurológico pede estratégias que servem para a criança desenvolver a capacidade de relacionar o falado com o escrito. Para ajudar, o professor deve enaltecer o uso social da língua e usar ilustrações, algo atrativo que chama a atenção do aluno. O objetivo delas é acostumar o estudante a relacionar imagens com textos. A elaboração de relatórios sobre o que está sendo feito também ajuda nas etapas avançadas da alfabetização. 
A prática inclusiva é diferente daquelas que habitualmente encontramos nas salas de aula, em que o professor escolhe e determina uma atividade para todos os alunos realizarem individualmente e uniformemente, sendo que aos alunos com deficiência intelectual propõe uma atividade facilitada sobre o mesmo assunto ou até mesmo sobre outro completamente diverso. A prática da educação inclusiva exige necessariamente a cooperação entre todos os alunos (o ensino coletivo) e o reconhecimento de que ensinar uma turma é, na verdade, trabalhar com um grande grupo e com todas as possibilidades de o subdividir. Só deste modo, de acordo com as subdivisões do grande grupo, os alunos com deficiência intelectual ou com outras dificuldades de aprendizagem podem participar nas atividades sem ter de formar um grupo à parte.Para conseguir desenvolver a sua atividade dentro de uma perspectiva de educação inclusiva, o professor precisa receber o apoio de equipes próximas de docentes especializados e de órgãos de gestão que adotem um modelo de administração escolar verdadeiramente democrático e participativo. No atual contexto, é quase um insulto à complexidade dos objetivos da educação inclusiva, defender ou simplesmente insinuar que eles são alcançáveis só pelo esforço isolado das escolas e dos professores, sem o apoio necessário. Por outro lado, a receptividade à inovação anima todos a criar e a ter liberdade para experimentar alternativas de ensino. Esta autonomia para criar e experimentar coisas novas será naturalmente extensiva aos alunos com e sem deficiência. Esta liberdade indispensável do professor e dos alunos para criar as melhores condições de ensino e de aprendizagem não dispensa uma boa planificação do trabalho. Ser livre para aprender e ensinar não implica falta de limites e de regras e muito menos a queda no precipício do improviso. Se essas regras e limites se não forem assumidas pelo exercício da liberdade serão impostas pela incapacidade de usufruir dela: não há meios termos neste tipo de opções.
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*Graduada em Pedagogia, Normal Superior, com especialização em Psicopedagogia, Libras, Braille, Deficiência mental, Educação Especial e Docência do ensino Superior. Atua como professora da Sala de Recursos Multifuncionais na Escola Estadual Dona Beti e professora de apoio na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves.

 

Sexualidade e Afetividade


Nádia Golçalves de Sousa *

Sexualidade que se aflora
Com ela o impulso, o desejo
Impulso para o novo
Desejo pelo outro, desejo por si mesmo
De se sentir bem, desejável, atraente
São transformações bruscas, esperadas
Mas imprevisíveis
O confronto: Você, o meio e o outro
Relacionam-se por conversas, idéias, atitudes
É a sexualidade a todo vapor
Mas espera, pare e pense
Seu próximo passo pode decidir todo o resto
O compromisso consigo e com o outro
O respeito a si e ao próximo tem que existir
Cuide-se! Preserve o que há de mais importante
VOCÊ e o PRÓXIMO
Previna-se!
Xô doenças!
Xô promiscuidade!
Xô gravidez perece!
Ame-se!
Com amor tudo se constrói.
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* Professora da disciplina Ciências na Escola Escola Estadual Presidente Tancredo Neves

* * *
A Independência 

* Levon do Nascimento

A história do Brasil é profundamente marcada pela riqueza cultural de seu povo, mas também pelas tristezas resultantes do processo exploratório da colonização portuguesa.

No princípio, desde a Pré-História, o que viria a ser nosso país, foi ocupado por homens e mulheres que deram origem aos povos indígenas. Eles viviam daquilo que a natureza lhes oferecia. Caçavam, pescavam, plantavam milho, mandioca e coletavam os frutos dos cerrados e das florestas. Viviam em harmonia. Tinham sua cultura, suas crenças e seus próprios modos.

Em 1500, durante o processo de expansão comercial e marítimo dos europeus, chegaram a estas terras os brancos portugueses em suas caravelas comandadas por Cabral.

Vieram para ocupar, explorar as riquezas e, segundo alguns, expandir sua fé cristã. No entanto, mataram, pilharam, ludibriaram e corromperam os primeiros habitantes.

Escravizaram os indígenas. Usufruíram de vários ciclos econômicos. Pau-brasil, cana-de-açúcar, drogas do sertão, criação de gado extensivo.

Quando o índio já não mais lhe servia, igualmente foram ao Continente Africano trazer de lá, amarrados em navios-senzalas, os povos negros, e os escravizaram, retirando-lhes a dignidade e a liberdade.

Muitos foram os que resistiram. Quilombos pipocaram por todo o Brasil. O mais famoso foi o de Palmares, onde os negros Ganga Zumba e Zumbi, reis e heróis dos povos escravizados dos Brasis, lideraram a resistência contra a opressão.

Aprofundando-se mais e mais por este território, os portugueses miscigenados com os índios e com os negros, transformaram-se em Bandeirantes, conquistando do Atlântico até a grande Floresta Amazônica.

Ao chegar o século XVIII, com ele vem o ciclo do ouro em Minas Gerais. Tudo os que os portugueses sempre buscaram. Nas Minas, a riqueza do ouro, dos diamantes, do barroco de Atayde e Aleijadinho. As intrigas e os mistérios da Chica da Silva do Tijuco.

O mundo aspirando à liberdade burguesa, a revolução acontecendo na França e nos Estados Unidos, tudo isto faz os brasileiros sonharem com a Independência. Tiradentes, o alferes, foi o primeiro a bradar. Vieram os conjurados baianos depois, e os pernambucanos em seguida. Por fim, o próprio filho do Rei de Portugal proclama a independência.

Independência para os ricos fazendeiros brancos, donos de escravos negros. Morte para indígenas, negros e brancos pobres. A independência proclamada em 7 de setembro de 1822 não serviu de nada aos pobres, que ainda lutam, até hoje, para alcançar a emancipação.

Em 1889 veio a República. Passamos a ter presidentes. Deodoro foi o primeiro. Hoje temos Lula, o primeiro operário a chegar lá.

Ao longo deste tempo, tivermos pais dos pobres e mães dos ricos no poder. Getúlio e JK. Construção de Brasília e ditadura militar sufocante e escandalosa sobre nossos ombros.

Mas o povo sempre resistiu. Muitos morreram pelo caminho, na luta por reforma agrária, distribuição de renda, melhores salários e condições dignas de trabalho.

Hoje estamos conquistando a democracia. Não sem esforço e luta. Muitos já tombaram por ela.

O que queremos do futuro? O futuro é dos homens e das mulheres, todos iguais perante a lei e em dignidade. Marchemos pela nossa Independência verdadeira!
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* Levon do Nascimento é Professor de História na Escola Estadual Presdente Tancredo Neves.

Fabiano Alves Pereira



Por sermos seres humanos, vivermos em sociedade e possuirmos necessidades afetivas e emocionais é comum querermos ser aceitos por determinados grupos (como a “galera” da Escola, por exemplo). No entanto, é preciso tomar cuidado para que tal desejo de aceitação não nos faça agir como “Maria vai com as outras”. Permitindo que nossos “amigos” determinem nosso comportamento, hábitos e atitudes. A forte pressão de alguns colegas tem feito alguns jovens a copiarem maneiras de se vestir e uso de acessórios que banalizam o sexo. Agem assim não por que gostam de determinada roupa, acessório ou estilo, mas temem serem taxados como antiquados ou esquisitos.

Nós, educadores da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, estamos preocupados com a recente “moda” do uso de pulseiras coloridas que está presente em Taiobeiras, inclusive em nossa Escola.

“Elas são pulseirinhas comuns, que qualquer garota usaria para ir ao colégio. Mas de uns dias para cá, vem deixando os pais de cabeça quente com rumores sobre seu verdadeiro significado. Segundo uma moda que surgiu na Inglaterra e acaba de chegar ao Brasil, arrebentar a pulseira de determinada cor obrigaria o portador da pulseira a se submeter ao ato correspondente àquela cor. A pulseira amarela, um abraço, por exemplo.

As pulseirinhas já são vendidas em qualquer camelô das grandes cidades brasileiras. Um pacote com 20 peças, de cores sortidas, sai por R$1.

O que os pais e educadores deveriam fazer? “Proibir não adianta, porque o adolescente pode se sentir excluído quando vir que os colegas continuam usando”, diz a psicóloga Denise Diniz, da Universidade Federal de São Paulo. “Os pais devem aproveitar a oportunidade para debater sexualidade em casa.” Os colégios se dividem entre proibir ou ignorar o uso das pulseiras. “Acreditamos que esse jogo não passe de um modismo, mas os pais podem e devem impor seus limites, sem alarde”, diz Silvana Leporace, coordenadora educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. ”[1]

Sendo um ser pensante e dotado de livre-arbítrio, o que você, jovem, pretende fazer?  Abrirá mão de sua capacidade de raciocínio e tomada de decisões e deixará que outros determinem no seu lugar como deve agir? A resposta a essa pergunta depende de você.

Preparamos uma enquete. Pedimos que por gentileza, dê a sua resposta. Se desejar comentar algo, fique a vontade e poste seu comentário. Sua opinião é muito importante para nós.



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Uma reflexão histórica acerca da dominação e discriminação


*Por Fabiano Alves Pereira

Preconceito, dominação, discriminação, exclusão... São todas características inquestionavelmente presentes no mundo atual. No entanto, fazendo uma análise historiográfica, percebemos que tais conceitos não são recentes. São tão antigos quanto a própria humanidade.
         
Fatores como a divisão do trabalho, nascimento do comércio e do dinheiro, surgimento da propriedade privada, do Estado, da guerra e da escravidão, fizeram com que as comunidades primitivas passassem por uma profunda transformação, gerando inúmeras diferenças sociais.


Desta forma, as primeiras grandes civilizações, desde os egípcios aos romanos foram machadas pelos termos mencionados no início deste artigo. 


Com a queda do império Romano iniciou-se a Idade-média que durou cerca de mil anos. Nesse período, inúmeras pessoas foram condenadas e mortas pelo Tribunal do Santo Ofício (Inquisição). O Historiador Mario Schmidt descreve a Inquisição nas seguintes palavras: 
Os suspeitos de cometer heresia eram presos e interrogados... os acusados eram torturados até que confessassem (ou morressem de tanto apanhar) Por exemplo, os pés do prisioneiro eram mergulhados dentro de um panelão com azeite, fervendo, palitos eram enfiados debaixo de suas unhas, os mamilos eram arrancados fora com um alicate. Geralmente o acusado berrava de dor e sofrendo muito, acabava confessando inclusive o que não tinha feito[1].
 


O castigo variava desde advertência, a prisão ou mesmo a morte. Dentre tais mortos, estavam milhares de mulheres que associadas a práticas satânicas tiveram como destino a execução na fogueira.[2]  



Avançando um pouco no tempo, chegamos ao século XVIII que com sua Filosofia das Luzes (Iluminismo) trouxe grandes pensadores que defenderam idéias ligadas a Liberdade, Igualdade e Fraternidade.  
           
Infelizmente, tais idéias não impediram que no século XX a Humanidade experimentasse outros momentos onde crueldade e mortes de inocentes fossem efetuadas. Tivemos a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) que matou cerca de 9 milhões de pessoas (incluindo civis, dentre eles pessoas que nada tinham a ver com o confronto como as crianças) e a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) que matou mais de 60 milhões de pessoas (culminando com a explosão de duas grandes bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, fazendo vítimas até hoje. Pessoas estão morrendo vítimas de câncer herdado geneticamente de seus pais e avós. Existem nos tempos atuais milhares de pessoas com problemas e esterilidade, deformações físicas, câncer congênito e outros males consequentes da liberação radioativa de tais bombas).


Nesse século tivemos uma das mais chocantes amostras de discriminação já existente em todos os tempos. Estou fazendo referência ao Holocausto, ocorrido durante o Regime Nazista na Alemanha. Visto que a “raça ariana” era considerada superior, nesse período houve o extermínio de mais de 6 milhões de judeus (além de homossexuais, deficientes, negros e outros).

Para quem tinha boas expectativas quanto ao século XXI, os atentados terroristas em 11 de setembro de 2001, mostraram que características humanas contrárias a paz e a harmonia infelizmente ainda prevalecem em nossa sociedade.  

Exatamente hoje, 11 de setembro de 2010, completa-se nove anos desde que as Torres Gêmeas caíram. Façamos uma reflexão: Como caminha a humanidade desde então?  

Analise o seguinte: Conflitos étnicos e religiosos são constantes nos noticiários. Além da discriminação racial, que é uma realidade que não podemos negar, percebemos que o valor de uma pessoa é medido muitas vezes pelo que ela possui e não pelo que ela é. No trabalho ou na escola temos de conviver com piadas preconceituosas em relação a loiras ou a portugueses

Torrna-se necessário fazermos uma autoanálise e verificarmos como estamos nos comportando em relação às atitudes que presenciamos no nosso dia a dia. Estamos tratando a todos com a dignidade e respeito que merecem?

Independentemente de cor de pele, condição social, ou qualquer outra diferença, pertencemos a uma mesma família. Nada de “raça negra”, “raça branca”, “raça amarela”, o que existe na verdade são apenas etnias diferentes. Estudiosos atuais concordam que pertencemos todos a uma mesma raça, a Raça Humana. Assim, nunca nos esqueçamos das palavras cantadas pelo coral CantArte da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves: “Não importa cor, língua ou nação, perante Deus somos todos iguais”.[3]








* Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros e pós-graduado em História e Cultura Afro-Brasileira, Docênica do Ensino Superior e Arte em Educação pela FINOM, atua como professor das disciplinas Artes, História e Iniciação Musical, na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Taiobeiras, MG.
[1]              SCHIMIDT, Mário. Nova História Crítica, 6ª Série: Nova Geração, 2005.
[2]              Para maiores informações, consulte “Malleus Maleficarum – O Martelo das Feiticeiras”, escrito em 1488, por dois inquisidores, Heinrich Kramer e James Sprenger.
[3]              Trecho da música “Crianças Iguais”, cantada pelo Coral CantArte, composto por alunos da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Taiobeiras, MG.

domingo, 6 de fevereiro de 2011


O FANTÁSTICO MUNDO DAS DROGAS

Por Fabiano Alves Pereira*

 O Dicionário Aurélio dá as seguintes definições em relação à palavra “Droga”: “sf. 1. Qualquer substância ou ingrediente usado em farmácia, tinturaria, etc.  2. Medicamento. 3. Substância entorpecente, alucinógena, excitante, etc. 4. Coisa de pouco valor ou desagradável”. Em termos simples, podemos dizer que Droga é qualquer substância, que não seja alimento e que se ingerido ou introduzido no organismo, altere o funcionamento do corpo e/ou da mente. Ou como define a OMS (Organização Mundial de saúde) “Droga é toda substância que, administrada ao organismo, produz modificações em uma ou mais funções”.

Existem as chamadas drogas lícitas (comercializadas livremente de forma legal. Ex.: Álcool e Cigarro) e as drogas ilícitas (comercializadas à margem da lei e sem padrão de regulamentação de sua utilização adequada.Ex.: Maconha, Crack, Cocaína, etc.).

Referente às drogas ilícitas é surpreendente observar que muitos não as consideram “de pouco valor ou desagradável”, pois, segundo dados da ONU, em 1997 havia em todo o mundo 340 milhões de usuários de drogas, entre elas, heroína, ópio, cocaína, maconha, alucinógenos e barbitúricos. Este espantoso número é bem maior do que o número total de habitantes de grandes países como o Brasil ou os Estados Unidos da América.

No entanto, o que nos chama a atenção é que os maiores problemas de saúde advindos do uso abusivo de drogas não são apresentados pelos usuários de drogas ilícitas, mas  sim pelos usuários das chamadas drogas lícitas  (bebidas alcoólicas e tabaco) pois o acesso a tais é muito fácil. Embora hajam leis que proíbam a venda de tais drogas a menores de 18 anos, observamos que essas não são respeitadas. Assim, tais drogas são comercializadas e consumidas tanto por homens, mulheres e um número cada vez maior de crianças e adolescentes.

Certa vez ouvi o seguinte comentário de um jovem: “Ah, cigarro não prejudica não. Minha avó fumava e morreu com 87 anos de idade!”. Sendo dominados pelo vício, muitos recorrem a argumentos errôneos a fim de justificarem sua própria dependência a algum tipo de droga. Por isso, vez por outra escutamos raciocínios irrefletidos assim. Muitas vezes, por não conhecerem de forma clara (ou desconsiderarem) informações científicas relacionadas ao álcool e o cigarro, ou pela influência exercida pela mídia do consumismo, muitos não se apercebem (ou não querem se aperceber) do grande mal que as drogas significam às suas vidas. Tomando o cigarro como exemplo, além da nicotina (que é uma droga que causa dependência) são encontradas nele diversas outras substâncias tóxicas.  Entre elas, acetona (removedor de esmalte), terebintina (que dilui tinta a óleo), formol (conservante de cadáveres), amônia (desinfetante para pisos, azulejos e privadas), naftalina (eficiente mata baratas) e fósforo p4/p6 (usado em veneno para ratos).
 
Apenas tais informações deveriam ser suficientes para refletirmos e repudiarmos o uso do cigarro. Caso ainda tenha alguma dúvida concernente ao efeito do cigarro no organismo, compare fotos de pulmões de não fumantes com as de fumantes. (Há diversas delas disponíveis em livros e na Internet) O resultado lhe deixará espantado (a)!

Concernente ao álcool ,percebe-se que as bebidas são usadas como um relaxante social, para esquecer as preocupações, fugir às tensões da vida e, nas classes mais pobres, para enganar a fome ou agüentar uma vida difícil.  O Álcool etílico, extraído da fermentação de substâncias açucaradas (uva, cana-de-açúcar, cereais), causa certa euforia e desinibição nos primeiros minutos e depois vai deprimindo acentuadamente o Sistema Nervoso Central.  A intensidade dos efeitos varia de acordo com a quantidade de ÁLCOOL ingerida e acumulada pelo organismo. Assim, a partir de uma concentração de cerca de 0,5 g de álcool por litro de sangue, o indivíduo começa a se sentir relaxado e tranqüilo. Com concentrações entre 0,5 e 1,5 g por litro os reflexos e a coordenação motora diminuem, surgindo sinais de embriaguez: o indivíduo anda sem firmeza, tem dificuldade para falar e avaliar distâncias e menor capacidade de raciocinar e aprender. Entre 1,5 e 2,0 g começa a chamada INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA: nota-se claramente que o indivíduo está bêbado, pois tem dificuldade de permanecer em pé, apresentando descontrole das emoções e idéias incoerentes. Com 3,0 g por litro, ele pode ficar inconsciente; concentrações maiores podem fazê-lo entrar em coma e morrer. O álcool tem sido o responsável por doenças como cirrose, violência familiar e acidentes de trânsito. Assim sendo, por que nos tornarmos escravos de tal substância?

Em conclusão, percebemos que o problema das drogas mesmo em cidades pequenas como Taiobeiras é uma realidade que não podemos negar.  Assim, é preciso que as famílias constituam-se em ambientes propícios para a difusão e discussão de tal tema imprescindível atualmente.  Os pais têm a responsabilidade de tomar a iniciativa. Nossos jovens precisam ser educados para que não caiam vítimas de um mundo opressivo o cruel, mas sim para que saiam vitoriosos face ao “fantástico mundo das Drogas”.


*Professor das disciplinas Artes, História e Iniciação Musical na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, em Taiobeiras, MG. 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


SER PROFESSOR

             Fabiano Alves Pereira
Infelizmente, vivemos em uma sociedade onde em muitos lugares prevalecem o caos e a anarquia. Assaltos, estupros, sequestros, delinquência juvenil e desrespeito às autoridades, tem sido o retrato constante em muitas cidades brasileiras.
Lamentavelmente, tal desestruturação está sendo refletida em nossas escolas. Nos noticiários observamos cada vez de maneira mais frequente reportagens concernentes a escolas depredadas, professores agredidos por alunos, uso de drogas, gravidez na adolescência, etc.
Em vista de tais desafios, educadores que já estão há mais tempo na profissão concluem que ser professor hoje não é mais tão recompensador como era há algumas décadas atrás. É comum vermos tais profissionais lamentando o presente e relembrando com carinho o passado.
                
                  “Deus me livre de ser professor”, é a fala que presenciamos em muitos jovens que estão pensando em que profissão escolher. Estes, são influenciados tanto por comentários negativos que escutam em relação à profissão, como pelos problemas que eles mesmos observam na escola. Tudo isso tem levado-os a concluir que ser professor hoje é na verdade ser “sofressor”, pois argumentam: “Professor além de ganhar mal, não é respeitado”.

                    Reconheço que se nos concentramos em aspectos negativos, consequentemente, ser professor parece não ser nada bom. No entanto, pare um pouco e pense, qual profissão hoje não apresenta seus desafios? É o famoso ditado: “onde existem rosas, existem também os espinhos”. Mesmo em vista dos obstáculos existentes, ser professor é muito recompensador quando o profissional atém-se ao fato de que ele é um formador de opinião, multiplicador de ideias e agente de transformação.  

                   Muitas vezes, transformações não ocorrem de maneira imediata e numa grande abrangência. Às vezes é um processo progressivo na vida de alguns ou mesmo de uma única pessoa.  Sabendo disso, há aqueles que pensam que a influência proporcionada por um professor é muito pouca para que haja uma real transformação em toda a sociedade. Para os que pensam assim, lembro-lhes da ilustração do beija flor[1] Esta, ensina uma lição a todos os professores. 

                   Para que mudanças reais sejam proporcionadas na vida dos que nos cercam, é imprescindível não nos desanimarmos com as dificuldades e encararmos com coragem e heroísmo todos os desafios à nossa volta. Nada de relaxarmos e apenas fingirmos que estamos dando aula, procurando sempre um culpado de a educação não tão boa quanto pretendemos. Muitas vezes, educadores jogam a culpa na família, a família joga a culpa na escola, a escola joga a culpa no sistema... No final das contas, ninguém resolve nada. A culpa de a educação estar ruim, não deve ser encarada como uma bola que passamos de mãos em mãos, todos devem assumir sua parcela de responsabilidade e procurar fazer tudo aquilo que estiver ao seu alcance para que mudanças possam efetivamente ocorrer.
                   Vale a pena lembrar que não vivemos mais na época do mercantilismo, onde se considerava que a maior riqueza de um país eram metais preciosos. (assim, havia por parte das nações um esforço árduo em adquirir muito ouro e prata). Ou durante a Idade Média, onde a terra era considerada a maior riqueza. Hoje, no século XXI, penso que a maior riqueza de um país é o seu povo. Os fatos comprovam que quando uma determinada nação possuiu um povo bem educado, a nação tende a crescer cientificamente, economicamente e tecnologicamente. O contrário também é verdade.
                 
                   O professor que deixa ser afetado pelas atitudes negativas da realidade que o cerca, perde a motivação, baixa o nível de seu ensino, muitas vezes diminui o amor próprio e deixa de contribuir para a boa formação de seus alunos. Priva-os de tornarem-se melhor qualificados para exercerem um papel significativo e positivo no contexto histórico que vivenciamos atualmente.
 A educação ainda é o caminho. Não há mais espaço para o velho professor (aqueles desmotivados, com metodologia arcaica, aulas sem dinamismo usando apenas cuspe e giz), mas àquele que procura adequar-se à nova realidade, abre-se diante dele um vasto leque de oportunidades. 
Ser professor é um chamado, uma vocação que necessita estar sempre bem informado e pronto para discutir com seus alunos aquilo que acompanha pelos jornais escritos e televisivos e em ferramentas tecnológicas que contribuem para aulas mais dinâmicas e interessantes que proporcionarão uma aprendizagem mais significativa. 
O conhecimento deve ser construído coletivamente. O educando não deve ser tratado um depositário de informações. Nada de o professor ensina e o aluno apenas aprende. O valor do aluno precisa ser levado em conta. Ele deve respeitado como um ser humano pensante e capaz de nos ensinar muito.
Ser professor é estar sempre aprendendo e sempre crescendo. É uma responsabilidade e oportunidade que nos foi dada para que através da educação possamos construir uma nação melhor preparada para encarar os desafios que presenciamos em um mundo globalizado e competitivo.
      

[1]      Em certa ocasião, uma floresta estava pegando fogo. Todos os bichos desesperadamente começaram a correr, mas um beija flor, ia até um rio próximo, pegava um pouco de água em seu bico, voava até a floresta em chamas e despejava sobre o fogaréu aquela pequena quantidade de água. Um elefante, que também corria do fogo, observando a cena, riu do beija-flor e disse lhe:
          - Oh beija-flor, que ingenuidade!  Desista, você não vai conseguir apagar todo este fogo.
           O Beija-Flor disse então em resposta:
          - Estou apenas fazendo a minha parte, faça você também a sua.
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Fotos: Turma dos formados (licenciados) em História pela UNIMONTES (2007).