sexta-feira, 6 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher - 8 de março

Foto:educacao.mg.gov.br




 Dia Internacional da Mulher

À Mulher Mineira, com carinho pelo seu dia!


As mineiras têm mistérios. Muitos. Imensos. Profundos. Do tamanho do mundo? Aprisionados por montanhas, veredas e sertões vastos? Mulher, menina, moça ou madura, elas –e seus mistérios –desfilam lindamente, para nosso bem ou nosso mal, pelas ruas e praças da Savassi, suam caminhadas pelas alamedas da Pampulha, sobem Bahia, descem Floresta. Posam de feirantes do Mercado Central, sambam nos pagodes do Conglomerado da Serra, trocam moedas nos ônibus, forjam aço nas siderúrgicas, expõem olhares de namoradeiras pelas bandas de Tiradentes e Interior afora.


 Princesas, operárias. Manequins ou intelectuais, ostentam, altivas, sua elegância discreta, sempre na moda mais recente, identificada até mesmo pelas aeromoças que cruzam os céus do Brasil. Olham-nos pelas frestas os seus mistérios. Podem eles ser revelados? Quem sabe, responde a garota da Praça da Liberdade que fotografa o ipê-roxo arrebatado de flores e encantamentos...


 São mistérios, feitiços. “Coisa-feita” como os de Diadorim, lascivos como os de Xica da Silva, românticos e doridos como os de Barbara Bela. E delicados como a voz da Fernanda Takai, fortes e decididos como a matriarca Joaquina da Pompéu, devassos como Dona Beja. Riscam no ar coreografias sensuais como a bailarina do Grupo Corpo, escrevem poemas torturados de dúvidas, paixão e prazer como os de Adélia Prado, manifestam-se nas crônicas sensíveis da Cris Guerra, encarnam-se na sensualidade interiorana da Isis Valverde.

O corpo que abriga a mineira tem a pele morena, branquinha, mulata, negra, outros tons. Os cabelos são sararás, castanhos, louros, pixains. Os olhos? Verdes, negros, castanhos, azuis, cor de mel. Misture tudo isso em temperos de recato, perversão, malícia, inocência. Profano, sagrado. Céu, inferno, purgatório. Amor ou ódio, pasmaceira nunca. Porque a mineira sabe ser fiel e adúltera ao mesmo tempo. Ou não. A mineira tem um jeito. Diante dela, ensina o filósofo, a gente entende a nossa vocação para o latente, para o obscuro, para o mistério.


Ops, voltamos ao começo. Aos mistérios. Como as matrioshkas, as bonecas russas, elas são mistérios que saem uns de dentro dos outros. Eternos recomeços. Tem nada não. Com seus feitiços e mistérios, as mineiras foram feitas para ser amadas sobre todas as coisas.


Fonte: Trechos da crônica publicada no Jornal Hoje em Dia, de 16 de agosto de de 2014.












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