sábado, 19 de junho de 2010

Salário dos Professores de Minas Gerais

* Levon do Nascimento

Os servidores públicos da Educação estadual de Minas Gerais, ao observarem seus contracheques na versão on line, na manhã de primeiro de junho de 2010 no site Portal do Servidor, se depararam com o aumento de 10% em seus salários. Na verdade, isto não representa um grande avanço. Pelo contrário, é um sinal de desrespeito às reivindicações da categoria, que almejava o Piso Nacional do Magistério. Ganhavam muito pouco, continuam a ganhar 10% a mais do pouco que já tinham. Em outras palavras, o salário-base mineiro passou de R$ 500,48 (menos de um salário mínino), no caso de um professor iniciante (PEB3A), para R$ 550,53 por uma carga horária semanal de 24 horas.

Como os professores, assim como os médicos, podem ter um outro contrato público (cargo) com carga horária também de 24 horas semanais, poderão perceber por 48 horas semanais o salário-base mensal de R$ 1101,06. Há ainda os biênios, quinquênios e demais gratificações, em decorrência do tempo de serviço dos trabalhadores.

Resumindo: os professores têm curso superior, a maioria com pós-graduação, são os responsáveis pela educação formal dos seus filhos e ganham pior do que muitos auxiliares de serviços gerais (responsáveis pela limpeza) do Poder Judiciário de alguns estados brasileiros.

A situação física das escolas e dos recursos didáticos, a violência escolar e o rendimento do alunado constituem capítulos à parte neste drama. Como a maioria da população ganha menos do que o magistério, não percebe nem fica indignada com os baixos salários dos professores. E como a cultura brasileira é de não valorizar a educação - maldita herança colonial portuguesa, mantida por nossas elites políticas - o povo não percebe que com professores mal-pagos e com extensas jornadas de trabalho inteiramente dentro da sala de aula, também fica comprometido o sucesso pessoal e profissional de seus filhos no futuro, repetindo o ciclo de baixa escolarização, baixos salários e pouca consciência social.

Enfim, tudo o que as oligarquias sempre quiseram. Não custa lembrar o que afirmou o deputado estadual Adelmo Carneiro Leão, membro da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia mineira: "Apesar de o orçamento do Estado ter mais que dobrado nos últimos sete anos, passando de R$ 17 bilhões, em 2003, para R$ 40 bilhões, em 2010, os investimentos em Educação caíram de 30% em 2001 para 14% em 2009".

É assim que Aécio Neves e Antônio Anastasia (que se diz professor) tratam a educação e os professores em Minas Gerais, com o pior salário educacional de todos os tempos deste estado. E depois vêm com aquele discurso de que as escolas de Minas são as melhores do Brasil. Se é que já foram, isto ocorreu num passado muito... muito distante do tucanato.

* Levon do Nascimento é professor de História nas redes estadual e particular em Taiobeiras (MG). Seu blog é http://levontaiobeiras.blogspot.com/ . P.S.: Os textos assinados neste blog refletem tão somente a opinião de seus autores. O blog não se responsabiliza pelo teor dos artigos assim publicados.

4 comentários:

  1. É Levon, concordo com você, é vergonhoso o salário que os educadores de Minas recebem. Só teremos uma Educação de qualidade quando nossos profissionais forem mais valorizados. Agradeço-lhe por disponibilizar informações como estas, úteis e relevantes para a construção do pensamento crítico do nosso povo.

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  2. Parabens pela postagem Levom realmente muito importante o que foi retratado!!!!salario de PROFESSOR e de PMS em minas é uma VERGONHA...

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  3. Viviane
    Concordo plenamente com sua indignação, se as escolas públicas são de qualidades poderia então os filhos de nossos representantes políticos estudarem nelas, assim logo eles preceberiam que muita coisa precisa melhorar a começar pela valorização profissional dos professores....

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  4. Enquanto os professores continuarem a trabalhando
    o Governo de Minas continuará da mesma maneira, então que mudem, deixem as salas de aulas.

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